Atualmente é comum falarmos e ouvirmos sobre desenvolvimento sustentável, aquecimento global, mudanças climáticas, preservação da biodiversidade, enfim, um conjunto de assuntos muito atuais que a todo instante são citados por rádios, televisão, jornais, revistas e por nós mesmos. Mas o que realmente sabemos sobre tais assuntos? Ou pior, o que realmente nossos filhos saberão sobre estes assuntos? Este segundo questionamento é expressamente o que mais me preocupa!
Acredito veementemente na educação, e assim como Tozoni-Reis (2008) penso que a Escola foi, historicamente, a instituição social “escolhida” pela humanidade para cumprir a tarefa de educar e de preparar o ser humano para o mundo. Porém, até que ponto a Escola tem sido assim no tocante à educação ambiental no Brasil? Já que no ensino fundamental e médio não há uma disciplina específica sobre o tema nem um programa de inserção de educação ambiental de forma multidisciplinar.
Outro fato importante aliado à falta da inserção marcante e delimitada de educação ambiental na educação básica formal do Brasil ou a não aceitação da educação ambiental nas escolas, como cita Marques (2008), é a “máquina mortífera” da TV brasileira, que informa, mas não ensina. Um bom exemplo disso: inúmeros programas da TV mostram que preservar é bom, porém nunca nenhum diz o porque preservar é bom. Se você que está lendo agora já cursou nível superior, a depender do curso, terá condições de responder este questionamento, mas a massa brasileira, por mais que tente se informar, dificilmente saberá agregar algum valor à preservação da biodiversidade. E este não é o grande problema, o que realmente é preocupante é o futuro, pois nossos filhos viverão em uma época mais exigente e poderão não estar preparados porque só saberão o motivo da biodiversidade ser boa, que a troca constante de celular é muito impactante e que o desperdício de comida influi no desmatamento de florestas quando estiverem adultos (ou cursando nível superior que ensine estas coisas), pela força e não pela coerência, possivelmente com vícios de rotinas e com dificuldades à adaptação ao modo de viver que poderá ser até imposto.
Isso tudo pode ser mudado, e a hora está passando, e somos nós que estamos deixando para lá. É comum nos preocuparmos com a educação dos pequenos sobre matemática, história, português, física, mas qual pai pergunta quando vai matricular seu filho como é a educação ambiental na escola (escolas particulares)? Qual pai que faz parte da gestão participativa de escolas públicas questiona a inclusão organizada da educação ambiental? Temos de fazer algo, na condição de pai, irmão, primo, educador, este é o momento de darmos nossa contribuição para a educação ambiental, para nossos pequenos e para o futuro do planeta. É necessário não deixarmos a educação ambiental somente para as ONGs e empresas impactantes. O Brasil precisa de educação ambiental formal e na base para a formação de mentes pensantes e preparadas para um futuro ainda muito incerto.
E vocês, o que pensam?
Referências
Marques, R. 2008. Não Ganhamos nada por esperar. In: Ministério do Meio Ambiente. Os diferentes matizes da educação ambiental no Brasil 1997 – 2007. Brasília: MMA. - http://portal.mda.gov.br/portal/saf/arquivos/view/ater/livros/Livro-Educa%C3%A7%C3%A3oAmbiental.pdf
Tozoni-Reis, M. F. C. 2008. A inserção da educação ambiental na escola. In: Ministério da Educação. Educação ambiental no Brasil. Brasília: TVescola. - http://www.tvbrasil.org.br/fotos/salto/series/164816Educambiental-br.pdf
A meu ver - reflexão que não pode mais ser postergada - há que se fazer uma profunda reflexão a respeito da EA que precisamos para o século XXI que será diferente - em alguns pontos - daquela que (com sucesso) adotamos no século XX. Temos que conscientes e preparados para as mudanças que se fazem necessárias.
ResponderExcluirNúcleo de Estudos em Percepção Ambiental / NEPA
roosevelt@ebrnet.com.br
EM TEMPO / BRINCANDO COM COISA SÉRIA
Quais os critérios legais e/ou técnicos que um órgão ambiental pode lançar mão para a estruturação de uma condicionante ambiental a ser agregada a uma licença ambiental? Ou seja, os limites através dos quais não possa haver questionamento (condicionante abusiva) por parte do empreendedor que irá receber a licença
Roosevelt
roosevelt@ebrnet.com.br
Aqui tudo muito interessante. Voltarei mais vezes. E, obrigada por vir fazer parte do Meu Mundo Particular. Bj carinhoso!!!
ResponderExcluirMuito bem Ricardo. Como havíamos comentado são poucas, pouquíssimas as escolas aqui no nordeste que têm a preocupação com o futuro ambiental de nosso país. O fato é que isso é contraditório e lamentável. Temos uma biodiversidade riquíssima mal aproveitada ou pior mal explorada do ponto de vista cientifico. Penso que a iniciação cientifica do aluno começa nos primeiros anos da escola, não só na universidade.
ResponderExcluirPouco adianta falarmos em sustentabilidade, preservação de ecossistema, consumo consciente, criar terceiro setor, metas de governo e incentivos fiscais para empresas que aderirem selos verdes, se não preparamos nossas crianças e jovens para despertar essa consciência. Ainda acredito no ditado que diz: "A educação é a base de uma sociedade" e para chegarmos lá falta muito infelizmente. Abração, Juliane.
Bom dia Roosevelt.
ResponderExcluirEste é um questionamento que me faço sempre. Como tornar menos subjetiva a elaboração do famoso EIA/RIMA para os licenciamentos (se é isso que vc quis dizer)? Até agora só imagino uma coisa: tão subjetivo quanto designar a magnitude de um aspecto ou impacto ambiental é um taxonomista dizer se uma flor com ovário súpero é mais ou menos primitiva que uma flor com ovário ínfero, e eles conseguiram atribuir determinados valores às diversas características morfológicas, os quais são usados até hoje. Daí penso: será que não há como padronizar valores e elaborar um guia para área profissional para não haver tanta possibilidade de questionamento? Sei que isso requer tempo, profissionais extremamente capacitados e muita discussão, mas se este for o meio precisa ser feito mais cedo ou mais tarde.
Espero ter respondido o que vc questionou.
Um abraço.
Olá Juliane.
ResponderExcluirNa verdade eu não diria que nós temos uma biodiversidade mal aproveitada cientificamente, diria insatisfatoriamente, porém dentro das condições científicas do Brasil ela está sendo estudada relativamente bem. Quanto à questão do desenvolvimento científico das crianças e jovens em relação às questões ambientais sem dúvida merece atenção, porém esta não é bem a minha maior preocupação, mas sim o próprio comportamento em casa, no trabalho, na rua dos futuros adultos se não tiverem uma educação cabível para um futuro exigente.
de fato, e não é só na escola que falta a educação ambiental por exemplo, os pais se preocupam em dar um direcionamento religioso aos filhos, às vezes se preocupam em dar-lhes diretrizes para a escolha de uma profissão, mas ninguém educa seus filhos para serem ecologicamente conscientes... Se os pais derem exemplos de comportamento ambiental acertado ao menos, já é algo, mas em alguns lares nem isso. Lembro-me de na infância sempre levar sacolas para a praia para trazer de lá o lixo por nós produzido durante os passeios para não jogar lixo na areia, mas será que todas as famílias dão exemplos assim aos filhos?
ResponderExcluirMônica, há aí um problema: orientação religiosa é uma coisa antiga e que muitos da geração anterior e da nossa sempre tiveram contato, já a EA não. É uma coisa nova e muitas vezes não é praticada em casa porque os pais não possuem as práticas nem a teoria necessária. Por esta razão, entre outras, a EA na educação formal é tão necessária.
ResponderExcluirA situação do meio ambiente só piora com o passar dos dias, só ONG's e empresas impactantes não salvará o planeta, precisamos e já mudar a consciência da população e educar melhor os nossos filhos em relação ao meio ambiente.
ResponderExcluirGostei muito do seu blog..Muito interessante mesmoo..Um otimo final de ano.beijos
ResponderExcluirRicardo, gostei d+ do assunto achei a materia interessante e principalmente questionativo, que abre um leque para discussões interessantes, principalmente no que tange a preparação para as futuras grades curricularesdos proximos anos, Estar ai uma questão para o MEC, pensar e agir, com um olhar voltado não só para o futura , mas para o agora, pois que á demanda é necessária e urgente, pois trata não só do futuro do planeta mais de tdos. Parabéns Ricardo, me sinto honrada em poder comentar essa materia sua.
ResponderExcluirObrigado Roselene. Achei interessante você tocar nesse ponto das "futuras grades curriculares". Como Roosevelt falou, a EA adotada há alguns anos foi interessante para aquele momento, mas será falida para o futuro e por isso precisa ser renovada no presente. Desde que foi instituída nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) a EA juntamente com ética, trabalho e consumo, entre outros temas, é considerada um tema transversal, ou seja, é um tema inserido em temas principais ("mais importantes", como ciências, história, etc.) durante a o ensino destes temas principais. Atualmente acho isso questionável e quem sabe seja hora do MEC repensar esta forma de organização e dar um espaço maior à EA.
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