quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Enquanto não nos posicionamos as células-tronco embrionárias continuam sendo um problema ao invés de solução








Há anos no Brasil existe uma discussão forte entre homens da lei, cientistas e religiosos sobre a liberação de pesquisas com células-tronco embrionárias.

Sabe-se que estes tipos de células são capazes de se diferenciar (especializar) em praticamente todos os tipos celulares do corpo humano, sendo assim um artifício de grande interesse para a cura ou tratamento de diversas doenças incuráveis pela tecnologia médica “convencional”. Daí, qual o problema de se estudar e aplicar terapias com células-tronco embrionárias produzidas em laboratório já que milhares de pessoas seriam beneficiadas com tratamentos a base de tais células? Por que há um impasse tão grandioso sobre este assunto? A resposta é simples: nós ainda não conseguimos definir quando realmente se inicia a vida orgânica do ser humano.

Alguns religiosos acreditam que mesmo que um ovócito seja fertilizado em laboratório por um espermatozóide, e que este zigoto (célula formada da união de ovócito e espermatozóide) nunca dê origem a uma pessoa, há nesse procedimento a morte potencial de um indivíduo, pois a partir da fertilização a vida já foi gerada.

Os cientistas por sua vez afirmam que só pode ser realmente ser considerada a vida de um organismo a partir do momento em que o blastocisto (conjunto de células oriundas do zigoto) é implantado na parede do útero, o que in vitro não ocorre.

Por sua vez, a legislação brasileira (mais uma vez) vive em um desacordo tremendo: não há ainda uma definição segundo o STF se o artigo 5º da Lei de Biossegurança está em desacordo com as normas de direito da Constituição Federal. Esse debate já tem mais de 5 anos e nada ainda foi definido.

O grande problema dessa discussão é que poucas são as mentes pensantes que possuem um posicionamento, além disso, dessas poucas pessoas uma parcela ainda menor é a que consegue expor sua posição. Infelizmente no Brasil as grandes questões (não só as éticas, como a desse caso) nunca são levadas ao povo. Não há fóruns, debates, discussões onde a imparcialidade possa mostrar o caminho para a formação de pensamentos. E o problema continua rolando, ou melhor, parado.

Acredito sinceramente que a massa brasileira só vai começar a pensar seriamente sobre quando a vida começar e se células-tronco embrionárias devem ser estudadas e utilizadas no Brasil quando a Rede Globo produzir uma novela que trate do tema, afinal é assim que funciona aqui.

E para você mente pensante, quando realmente começa a vida?

3 comentários:

  1. E para você, caro blogueiro, quando começa a vida, já que no texto você nao falou???

    ResponderExcluir
  2. Para mim, a vida orgânica do ser humano começa realmente a partir do momento em que o blastocisto se implanta no endométrio materno. A fertilização, no meu entendimento, por si só não é sinônimo de geração de vida, já que este evento ocorre sem culminar em um feto mais vezes do que se pensa.
    Ainda penso que a fertilização artificial e o cultivo de células gaméticas em uma placa de Petri não podem ser considerados geração de vida orgânica humana, já que da mesma forma que o cultivo de outros tipos celulares, aquelas não darão em hipótese alguma origem ao feto, já que para isto é essencialmente necessário um organismo feminino.
    Por tudo isso penso que a produção, estudo e utilização de células-tronco embrionárias não vão de encontro à ética nem à fé.

    ResponderExcluir
  3. olha aí a mais nova manifestação: http://www1.folha.uol.com.br/ciencia/852239-igreja-catolica-alema-compara-teste-in-vitro-com-massacre-biblico-de-criancas.shtml

    ResponderExcluir