quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Quem te ensinou a jogar lixo nas ruas?



Um papel de bala, um resto de cigarro, o guardanapo do lanche, entre outros. Estes são alguns dos exemplares mais comuns de lixo jogado diariamente nas calçadas, nas ruas e nas praças das cidades brasileiras, os quais ocasionam mau cheiro, obstrução das águas das chuvas nas valas de esgotos, proliferação de vetores de doenças e a destruição do paisagismo urbano tão almejado e às vezes duramente alcançado pelas prefeituras. Pelo menos o lixo nas ruas serve para uma coisa: indicar rigorosa e precisamente o nível de educação, respeito e consciência dos cidadãos de cada lugar.

Acredito que você, leitor, seja um brasileiro educado, respeitoso e consciente. Que bom! Mas aí te pergunto: “O que você está fazendo para mudar as pessoas mal-educadas, desrespeitosas e inconscientes que sujam os logradouros públicos?”. Pergunto isso porque manter as ruas limpas e depositar seu lixo no local adequado nada mais é que nossa obrigação. Isso tem méritos, é verdade, porém mais méritos possui aquela pessoa que contribui para que o cidadão que por falta de uma orientação ou de uma pequena explicação, que aqui está sendo incluído no grupo dos mal-educados, desrespeitosos e inconscientes, torne-se exatamente o inverso.

O problema é que estamos com nossas mentes condicionadas a nos acomodar quando fazemos algo que é o certo, e por já estarmos fazendo “a nossa parte” não abrimos os olhos para as reais necessidades da sociedade. Vejamos o exemplo das sacolas plásticas: há um hábito comum no Brasil de reutilizarmos as sacolas plásticas das compras de supermercado como sacos de lixo doméstico. Excelente!!! Estamos reciclandooooo. Não, não é verdade. Estamos jogando no meio ambiente um lixo muito poluente (a sacola plástica) que será de degradação muito demorada e que não deveria ser liberado no meio ambiente de maneira alguma. Alguém pode perguntar “e o que eu faço com tantas sacolas?”. Não use sacolas plásticas nas compras, use sacolas de tecido reutilizáveis como está muito em voga, principalmente nos supermercados que possuem responsabilidade social. Mas podem ainda perguntar “e o meu lixo, vou colocar onde?”. Para isso existem as sacolas de lixo comerciais, as quais são adequadas para este fim, porém que tem um custo. Mas quem falou que ser educado, respeitoso e consciente não tem custo? Tem sim. Fazer o que é certo também tem o seu preço, o qual geralmente é pago antes de recebermos a recompensa através da Natureza.

Da mesma forma que acreditamos fazer uma grande ação ecológica quando reaproveitamos as sacolas plásticas e não notamos que na realidade estamos poluindo o meio, também não percebemos que o Brasil não necessita mais somente de pessoas que joguem seus lixos nos locais adequados como nós fazemos, mas necessita prioritariamente de agentes multiplicadores deste hábito, na busca por modificar os cidadãos, que por motivos particulares, ainda não adquiriram os bons hábitos ecológicos relacionados ao lixo.

Mas o que fazer quando virmos nossos pais, mães, irmãos ou qualquer outra pessoa que respeitamos moralmente jogando lixo na rua? Que tipo de repreensão ou abordagem deveremos usar? De que maneira podemos reformular o pensamento de um desconhecido sem agredir seu orgulho? Estas são questões difíceis de serem trabalhadas e que exigem uma reflexão profunda por cada um de nós (promissores agentes multiplicadores) antes de sua prática.

Contudo, acredito que o título mais adequado desse texto deveria ser: “A quem você ensinou a não jogar lixo na rua?”. Se é que alguma vez fizemos isto.

E vocês, o que acham?

9 comentários:

  1. Muito interessante esse post Ricardo. A cena retratada na foto com o lixo por trás dos jovenzinhos que você utilizou é bem comum. Eu acho que a conscientização das pessoas para manter locais públicos limpos não é algo difícil de se alcançar. Porém o uso de sacolas de lixo comerciais e o uso de sacolas de tecido reutilizáveis já são mais complicadas, se educar brasileiro com bons hábitos já é difícil, imagina quando isso afeta ao bolso? Uma coisa que eu descobri conversando com os mais antigos, é que no passado as escolas tinham matérias como Economia Domiciliar, costura para as meninas, e matérias do gênero, aí fica a pergunta, porque não introduzir a educação ambiental desde cedo entre as crianças, para que possam fazer a diferença no futuro e talvez no presente, pois acho que é mais fácil trabalhar a base nesse momento.

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  2. Aí você tocou em outro ponto importante: a educação ambiental. Ela existe sim nas escolas e no PCNs (Parâmetros Curriculares Nacional), mas aí reside uma outra questão: a qualidade dos educadores. Conheço biólogos licenciados, ou seja, educadores, que agridem de várias maneiras o meio ambiente, inclusive com manejo inadequado do lixo. Imagine a qualidade desses educadores.
    Acredito que se a educação ambiental é item dos PCNs mas o educador não possui as habilidades adequadas para desenvolver projetos agressivos nesse sentido há um problema grandioso nisso tudo.
    Outro ponto importante, é que se nós esperarmos para as crianças de hoje incorporarem os bons hábitos ecológicos e formarem a maior parte da sociedade no futuro, será necessário muitos anos para que as ruas brasileiras sejam tratadas adequadamente.

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  3. Íris Daniele
    Também cosidero muito importante o post de Ricardo.
    Penso que a educação ambiental deveria estar mais consolidada, ou melhor, deveria ser inserida na escola desde muito cedo, visto que , muitos ainda não tem acesso as questões ambientais de forma mais crítica, que os leve a identificar os problemas e pensar sobre eles de forma cosciente... Vi isso quando comecei a inserir as questões ambientais com os alunos..
    Mas ainda concordo com o post de jean, afinal falar de educação ambiental e de quetões inerentes aos cuidados com a preservação do meio é bem mais fácil quando não atinge o bolso...
    Infelizmente, ainda vivemos num pais economicamente frágil do ponto de vista do poder aquisitivo da maioria da população que tem muito pouco acesso aquilo que é básico pa a a formação do indivíduo, tal como saúde ou educação, quando muitos ainda são apenas quantitativamente alfabetizados...
    Mas ainda penso que podemos mudar as perspectivas mais negativas e inserir as questões ambientais de forma mais crítica, principalmente quando iniciarmos a análise das quasatões ambientais desde muito cedo com as crianças que tornan-se disseminadores das informações...
    Parabéns pelo blog....

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  4. Íris e Jean, realmente quando se fala em tirar dinheiro do bolso, para o brasileiro praticamente não "há justificativa" para fazê-lo. Porém, o que questiono não é isso expressivamente, questiono as pessoas (ou famílias) que possuem a condição financeira de ter um gasto adicional por um motivo justo e não o fazem, possivelmente por não ser um hábito do brasileiro. Vejam porque: uma sacola retornável custa em média R$ 2,50 e esta não será uma despesa mensal, pois ela é RETORNÁVEL, por isso não vejo como uma despesa tão grandiosa já que gastamos essa mesma importância com muitas coisas bobas no dia-a-dia. Um pacote com 20 unidades de sacola de lixo custa em média menos de R$ 2,00, daí se em uma casa tem três lixeiras pequenas e esse lixo é retirado a cada 1,5 dia a despesa nessa casa aumentará por mês em torno de R$ 5,00. Tem muitas famílias brasileiras que realmente sentem dificuldades em acrescer uma despesa dessa, mas tem muitas outras que nem sentiriam um acréscimo desse em suas despesas e é aí onde falo que nós poderíamos fazer muito mais se parássemos e pensássemos um pouco sobre tudo isso.

    Um grande abraço.

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  5. Menino,o assunto do post é bem interessante já era um assunto que gostaria de ter falado a muito tempo com alguém... o caso está totalmente fora de controle com essa questão do plástico, teria que ter uma campanha, alguma coisa, sei lá, pra que volte o uso de sacolas de papel como era na época que eu era criança, pq além de causar menos danos é mais fácil de reciclar... vi umas imagens terríveis de mutações na fauna aquáatica em decorrência do plástico, com certeza é uma situação que merece destaque.

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  6. Jéssica, as sacolas de papel, em relação à poluição e viabilidade de reciclagem, são uma boa alternativa, porém acredito que a reciclagem não conseguiria atender a demanda se a população utilizasse sacolas de papel ao invés das plásticas, e com isso surgiria um outro problema: extrativismo vegetal para obtenção de papel. Por isso acho que essa alternativa não é viável ecologicamente.

    Já em relação a uma atitude quanto à educação ambiental ou algum tipo de campanha, eu sou de pleno acordo. Mas aí te pergunto: quem deveria fazer isso?

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  7. Mas é engraçado mesmo, como, depois que internalizamos um comportamento, ele passa a ser agressivo quando não praticado. Por exemplo, eu me condicionei a não jogar o papel do confeito pela janela do carro, de forma tal que quando vejo latas, copos, etc., serem lançados no carro da frente, esbravejo internamente "nojento!"... mas, não é nem de longe o suficiente... pois sou utilizador ferrenho das famigeradas sacolinhas plásticas... teu texto foi um puxão de orelha...

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  8. As dúvidas sobre de quem é a responsabilidade sobre o lixo é uma questão que há muito tempo me intriga. Fala-se muito em coleta seletiva do lixo, mas o que vejo é que o lixo separado no quintal de casa e misturado dentro do caminhão de lixo. Porém existem outras pequenas atitudes que podemos fazer e certamente farão a diferença em um futuro próximo. Vou citar dois exemplos que envolvem Logística Reversa do lixo e que pratico em casa: O primeiro trata das sacolas plásticas: Ao fazer as compras de mercado podemos pedir para acondicionar nossas compras em caixas de papelão (é um ganho para o lojista tanto em custo quanto em imagem) e o segundo exemplo é sobre reciclagem de garrafas plásticas: é comum a cena de catadores de lixo nas ruas para tratá-los em cooperativas (a Prefeitura da minha cidade até oferece curso de artesanato para os coletores de lixo) podemos ajudá-los juntando os recipientes plásticos para que eles venham pegar uma vez por semana na nossa casa, por exemplo. Vamos fazer uma enquete sobre atitudes que usamos no nosso dia-a-dia para preservar o meio ambiente?
    Bju, ou melhor ABRAÇO.

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  9. Bela, achei muito interessante seus relatos, os quais podem ser adotados por qualquer família sem nenhum ônus e que certamente dará uma boa contribuição para os problemas discutidos neste post. Além disso, podem ser tomados pelos educadores das escolas dentro da educação ambiental para a concientização e aplicação de boas práticas.

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